quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

São João Bosco



João Bosco nasceu em Castelnuovo d’Asti, Itália, no dia 16 de agosto de 1815, numa família de camponeses. O pai, Francisco Bosco, deixou-o órfão aos dois anos de idade. A mãe, Margarida Occhiena, viu-se de repente sozinha a criar Antônio, José e Joãozinho.
Com doce firmeza e uma fé sem limites, sábia educadora, ela faz da família uma igreja doméstica. João, desde pequeno, sente o desejo de ser padre.
Aos nove anos, teve um sonho que lhe revelou a futura missão: “Torna-te humilde, forte e robusto”, disse-lhe uma senhora resplandecente como o sol. “O que vês acontecer com estes lobos, que se mudam em cordeiros, tu o farás para meus filhos. Eu serei tua mestra. A seu tempo, tudo compreenderás”.
Desde menino, João começou a entreter os colegas com mágicas e outras brincadeiras, alternando-as com trabalho, oração e instrução religiosa. O velho Pe. João Calosso abriu-lhe o caminho para os estudos sacerdotais, que ele enfrentou com muito esforço, a ponto de deixar o próprio lar por causa da oposição do irmão Antônio que queria ver João trabalhando no campo.
Seminarista em Chieri, fundou a Sociedade da Alegria para reunir os jovens da cidadezinha. Em junho de 1841 foi ordenado sacerdote. Seu diretor espiritual, São José Cafasso, o aconselhou a aperfeiçoar os estudos no Colégio Eclesiástico.
Nesse ínterim, Dom Bosco reúne a seu redor os primeiros meninos e organiza um oratório festivo, itinerante no começo, estável em Valdocco, depois. Margarida, já idosa, aceita vir para Turim a fim de ajudá-lo. Para os meninos ela é  “Mamãe Margarida”.
Dom Bosco recolhe os primeiros órfãos sem teto. Ensina-lhes um trabalho e a amar a Deus. Canta, brinca, reza com eles. Aparecem também os primeiros colaboradores. Desenvolve-se, assim, o famoso método educativo, chamado “Sistema Preventivo”: “Fiquem com os meninos, previnam o pecado por meio da razão, da religião e da amabilidade. Tornem-se santos, educadores de santos. Os nossos meninos devem sentir que são amados”.
Com o tempo, e também graças à ajuda do Papa Pio IX, os primeiros colaboradores se tornam uma Congregação com o objetivo de salvar a juventude, combatendo todas as pobrezas e fazendo próprio o lema: “Dai-me almas, e ficai com tudo o mais”.
O jovem São Domingos Savio é o primeiro fruto do sistema preventivo. Maria Auxiliadora, que sempre apoiou Dom Bosco em sua obra, lhe concede muitíssimas graças, até mesmo extraordinárias; inclusive o dinheiro necessário para todos seus empreendimentos. Ajuda-o também na construção da “sua” Basílica.
Com a colaboração de Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Com benfeitores e leigos comprometidos, criou os Cooperadores salesianos.
Aos 72 anos de idade, desgastado pelo trabalho, Dom Bosco morreu no dia 31 de janeiro de 1888. Hoje, a Família Salesiana está presente no mundo inteiro. No centenário de sua morte, o Papa João Paulo II declarou-o “Pai e Mestre da juventude”.



Ref. Dal Covolo, Enrico e Mocci, Giorgio - 
Santos na Família Salesiana. Trad. D. Hilário Moser, 2008.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Beato Bronislaw Marckiewicz



“Quando em uma nação faltam os Santos se obscurece o espírito das pessoas e estas não veem o caminho que devem seguir” afirmava o bem-aventurado BronislawMarkiewicz, cuja memória é comemorada no dia de hoje. Polonês, nascido no dia 13 de julho de 1842 em Pruchnik, região da Galícia, era o sextode onze filhos de uma família religiosa de pequenos comerciantes. Enfrentou, com sua família momentos muito difíceis, chegando a passar fome devido a épocas de “vacas magras”. Sempre perseguido nos tempos de colégio por seus ideais cristãos, nunca se deixou abater, tanto que, aproximadamente aos 16 anos, entra no seminário diocesano.
Ordenado sacerdote no dia 15 de setembro de 1867, Broinislaw inicia o seu ministério como vigário numa paróquia onde passa longas horas em adoração diante do Tabernáculo. Três anos mais tarde, foi nomeado vigário da catedral de Przemysl, onde se difunde amplamente seu zêlo pela administração do sacramento da Penitência. Bronoslaw vai em busca daqueles que não podem vir a ele, de modo especial dos encarcerados. 
Os detidos das nossas prisões são aqueles que devem ser mais compadecidos... A maioria deles não conhece Cristo nem os seus preceitos... Enquanto amigo e confidente daqueles infelizes, fui muitas vezes testemunha de cenas angustiantes: apenas instruídos sobre as verdades essenciais da nossa fé, se põem a chorar em fortes lágrimas, dizendo: ‘Por que ninguém nunca nos falou disso?’”
Também se sentia atraído pelo apostolado em prol dos jovens marginalizados que sofriam todo gênero de pobreza e por causa deles quis estudar pedagogia a fim de ajudá-los da melhor forma para salvarem a alma. A Providência levou-o a desejar ardentemente a entrar num Instituto religioso dedicado ao cuidado da juventude. Foi assim que ele se interessou por conhecer os “padres de Dom Bosco”.
No outono de 1885, partiu para a Itália, onde ficou fascinado pela espiritualidade de Dom Bosco que, sem o saber, já trazia no coração. Pediu e, após rigoroso estudo das Constituições Salesianas, obteve a aprovação para fazer parte da Congregação. Assim, em 1887, nas mãos de Dom Bosco, emitiu os votos perpétuos. Teve, então, a felicidade de ouvir as recomendações do santo e assimilar diretamente o seu espírito.
Em 1892 retornou à Polônia como salesiano, trabalhando como pároco em Miejsce, Galícia, onde pôde se dedicar à juventude polonesa pobre e abandonada.
A fim de responder da forma mais eficaz às exigências concretas da miserável Galícia, Bronislaw sentiu a necessidade de viver com maior radicalidade os princípios de Dom Bosco e, aconselhando-se com seus colaboradores, fundou a Sociedade Temperança e Trabalho, pela qual lutou muito.
A partida para o céu deste nosso irmão santo ocorreu no dia 29 de Janeiro de 1912. Nove anos depois da sua morte, a sociedade, em seus ramos masculino e feminino, foi reconhecida pela Igreja dando origem a duas Congregações colocadas sob a proteção de São Miguel Arcanjo. Seus membros assumiram o nome de Micaelitas.
Padre Bronislaw, como Dom Bosco, recomendava aos seus filhos e aos jovens que encontrava uma grande devoção à Eucaristia e a Nossa Senhora além de a São Miguel, que indicava como protetor na quotidiana luta contra o mal. A união a Cristo crucificado e a virtude da temperança caracterizam a sua atividade apostólica em favor do próximo.
Foi beatificado pelo papa Bento XVI no dia 19 de Junho de 2005.

BEATO BRONISLAW MARCKiEWICZ, ROGAI POR NÓS!






Raimundo Luan Hadney de Luna Gonçalo,
Noviço Salesiano da Inspetoria do Nordeste.
Natural de Juazeiro do Norte, Ceará.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

São Francisco de Sales: Doutor da Caridade


Francisco de Sales permanece numa relativa penumbra. Sua mensagem serve para os dias atuais?  Nós, salesianos, aprendemos a ter um amor muito grande para com Dom Bosco, e por isso, nem sempre conhecemos bem aquele que é um dos padroeiros da congregação, São Francisco de Sales, “pastor zeloso e doutor da caridade”, como dizem as Constituições dos SDB no artigo 9. Por isso precisamos divulgar sua figura, obra e espiritualidade.
Dom Bosco, desde os tempos do seminário foi um grande conhecedor, admirador e imitador das virtudes deste santo. As Memórias Biográficas de Dom Bosco afirmam que ao iniciar a Obra do Oratório Festivo, “o nome de São Francisco de Sales se tornara familiar entre os jovens, e Dom Bosco estabeleceu que a festa deste amável santo fosse celebrada com toda solenidade."
Francisco de Sales nasceu no Castelo de Sales, no Ducado da Sabóia, numa região que hoje pertence à França, no dia 21 de agosto de 1567. Era filho de Francisco e Francisca de Sionnaz, Senhores de Boisy. De família nobre, estudou nos melhores Colégios da época: em Paris, com os jesuítas, fez Retórica e Filosofia e na Universidade de Pádua, doutorou-se em Direito Civil e Canônico. Nos tempos livres dedicava-se a estudar teologia, pois tinha em mente seguir a carreira eclesiástica sendo padre. Seu pai alimentava sonhos de grandezas humanas para ele, e conseguiu até que fosse nomeado Senador do Parlamento do ducado da Sabóia com 27 anos, sendo que a idade mínima exigida para o cargo era de 30 anos. Ele era o primogênito e por isso tinha responsabilidades familiares: levar a herança e o nome da família para frente. Francisco renunciou a tudo para ser padre. Foi uma luta muito difícil, pois seu pai não aceitou facilmente. Só concordou quando Francisco foi nomeado como Preboste do Capítulo de Genebra (Presidente dos Cônegos). Este era um título importante, na época. É bom lembrar que nesta época Genebra não era mais a sede da Diocese, que fora transferida para Annecy. Genebra era uma cidade “calvinista”. No dia 18 de dezembro de 1593 foi ordenado padre. Com zelo exerceu seu ministério sacerdotal. Mal tinha iniciado este ministério, foi convidado pelo bispo para ir como missionário na região do Chablais. Esta região tinha sido invadida pelos protestantes calvinistas de Genebra. Quando Francisco e seu primo Luís de Sales ali chegaram encontram destruição em toda a parte, por causa das guerras sucessivas. Os católicos eram apenas uns 80. Francisco fez um trabalho paciente e persistente, sem desanimar diante dos perigos e das situações adversas de tão ousada empresa: converter os calvinistas. E o conseguirá. Ele dirá a seu amigo Favre: “estamos absolutamente resolvidos a trabalhar sem descanso nesta obra, a não deixar pedra sem mover, a suplicar, a prosseguir com toda a paciência e a ciência que Deus nos der”.
Os calvinistas tinham feito um pacto de não ouvir o missionário. Francisco então inova: já que não o querem ouvir, irão ler. Escreve pequenas páginas com a doutrina católica e as coloca debaixo das portas das casas.  Depois de quatro anos tinha convertido toda a região. Francisco disse a respeito disso: “Lá, (no Chablais), onde antes encontramos com fadigas cem católicos, se encontram agora, com fadiga, cem calvinistas.”  Em 1597 foi eleito como bispo coadjutor de Genebra. Na sua humildade, não quis ser ordenado bispo até a morte de D. Cláudio de Granier, acontecida em 1602.
Depois de uma viagem à Paris para resolver problemas relacionados com a diocese e sabendo da morte do seu bispo, foi ordenado como bispo e Príncipe de Genebra no dia 8 de dezembro de 1602. Escrevendo a Madre Chantal, Francisco diz o que pensa sobre o ministério episcopal que estava assumindo: “Deus me retirou de mim mesmo para me ligar a Ele e me dar ao povo.”  Nos vinte anos seguintes será um bispo “reformador”, aplicando as resoluções do Concílio de Trento em sua diocese. Em 1610 funda com a participação ativa de Santa Joana Francisca Frémyot de Chantal a Ordem da Visitação. Morreu em Lião (França) no dia 28 de dezembro de 1622. Seus restos mortais foram transladados para Annecy onde estão sepultados no Mosteiro da Visitação. Foi canonizado em 1665 pelo Papa Alexandre VII e Pio IX, em 1877 o declarou “Doutor da Igreja”. Em 1923 foi declarado por Pio XI Padroeiro da Boa Imprensa e dos jornalistas católicos. 
Dom Bosco não se limitou simplesmente a tomar emprestado o nome de Francisco de Sales e não o toma somente como patrono. Se fixa no essencial e o essencial do Bispo de Genebra está no Amor que ele vive e propõe desde a amabilidade, a doçura, a compreensão, A paciência, a simplicidade na entrega e no sacrifício, o perdão, a confiança. Dom Bosco assimila e faz sua esta mensagem da centralidade do Amor, tendo em vista seu apostolado entre os jovens.
Todos os estudos sobre Dom Bosco coincidem em afirmar que conhece, admira e se inspira em São Francisco de Sales. Começou a conhecê-lo e a amá-lo no seminário de Chieri, e depois no Colégio Eclesiástico de Turim. Os santos patronos do Colégio Eclesiástico eram S. Francisco de Sales e São Carlos Borromeu. Eram apresentados como Modelos de pastores-bispos, que tiveram muita relevância Na Igreja universal e na Igreja do Piemonte. (cf. Lenti, Dom Bosco: história e carisma 1, pg 342)
Como atesta Lemoyne, Dom Bosco conhece seus escritos, suas obras fundamentais e leu, seguramente, sua biografia, escrita pelo P. Pedro Jacinto Gallizia (1662-1737) (cf. Lenti, Dom Bosco: história e carisma 1, pg 309)
Na vigília da sua ordenação sacerdotal, 5 de junho de 1841, toma como quarto propósito: "A caridade e a doçura de São Francisco de Sales guiar-me-ão em tudo.“  Isso constituirá a chave do seu sistema educativo.
Nas Memórias do Oratório de S. Francisco de Sales, o próprio Dom Bosco explica com muita clareza por que havia escolhido Francisco como patrono e modelo: “Havíamo-nos colocado sob a proteção desse santo para que nos alcançasse de Deus a graça de imitá-lo em sua extraordinária mansidão e na conquista das almas. Outra razão era a de colocar-nos sob sua proteção a fim de que do céu nos ajudasse a imitá-lo no combate aos erros contra a religião, especialmente do protestantismo, que começava a insinuar-se insidiosamente nos nossos povoados e assinaladamente na cidade de Turim.”
Creio que a mensagem de São Francisco de Sales continua sendo muito atual para os nossos dias. Gostaria de destacar seu zelo ardente, pois ele sempre é lembrado pela paciência e pela doçura. No coração dele bem como no de Dom Bosco ardia a mesma paixão pelas almas, a mesma caridade pastoral, que deu a ambos o gosto do apostolado direto e criativo. Ambos foram infatigáveis anunciadores da Palavra, com uma linguagem simples, imaginosa, popular, ambos foram catequistas convictos, ambos foram escritores fecundos, embora em gêneros diversos. Ambos passaram longas horas no confessionário, na direção espiritual, marcada por santa amizade e preocupada em educar e dirigir cristãmente: cada um na própria vocação. Podemos concluir dizendo que levaram à sério o mote "da mihi animas cetera tolle". 





Texto produzido por Pe. Tarcizio Paulo Odelli,
Salesiano de Dom Bosco da Inspetoria São Pio X, Porto Alegre.
Para saber mais sobre São Francisco de Sales, Bispo e Doutor da Igreja, acesse:

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Beata Laura Vicuña: uma vida entregue


  
  Laura Vicuña Pino del Carmem nasceu em Santiago do Chile, em 5 de abril de 1891. Filha de José Domingos e Mercedes Pino. Seu pai era militar e chefe político no Chile. Com a queda do governo por uma Revolução, a família precisou fugir de Santiago. Pouco depois, José Domingos morreu inesperadamente . Mercedes refugiou-se com as duas filhas na Argentina, em Junín de los Andes. Uniu-se com Manuel Moura, homem bruto, com quem passa a morar atraída pela oportunidade de oferecer uma vida melhor para Laura e Júlia Amanda.

Em 1900 Laura e sua irmã são acolhidas como internas no Colégio das Filhas de Maria Auxiliadora. Laura era modelo de aluna. Durante a catequese sobre matrimônio descobriu que sua mãe estava em estado de pecado. Decidida em ajudar sua mãe, resolve oferecer a própria vida a Deus contanto que sua mãe abandonasse Manuel. No ano seguinte, fez a Primeira Comunhão e escolheu como modelo de santidade São Domingos Sávio. Também reafirma o propósito: oferecer sua vida em sacrifício a Jesus pela conversão da mãe. Mercedes era mulher de fé, mas orava escondida por ter medo do Manuel.

   Nas férias de 1902, Manuel insidiou Laura. Ela se recusa, deixando-lhe furioso. Voltou para o Colégio como estudante e auxiliar, pois não pagava pensão. Com o consentimento do seu confessor, padre Augusto César Crestanello aumentou sua ascese e abraçou os conselhos evangélicos. Depois de uma grande inundação no colégio, Laura adquiriu uma dolorosa enfermidade nos rins. Ofereceu seu sofrimento a Jesus pela salvação de sua mãe.
                                                                                                                                                                                                                    Manuel após ter insidiado Laura de novo e ela ter rejeitado, ele a espancou. Em sua última noite, confessa a sua mãe:
“Mamãe eu morro! Faz tempo que pedi a Jesus, oferecendo-lhe a minha vida por ti, para obter seu retorno a Deus... Mamãe antes de morrer terei a alegria de seu arrependimento e seu pedido de perdão a Deus e que comeces a viver santamente?”. Mercedes chorando promete.

   Alegre e com o rosto sereno, morre aos 12 anos de idade no dia 22 de janeiro de 1904. Seu corpo descansa na capela das Filhas de Maria Auxiliadora, em Bahía Blanca. No dia 5 de junho de 1966 Paulo VI a declara venerável. João Paulo II a beatificou no dia 3 de setembro de 1988, ano do centenário da morte de Dom Bosco.
   Neste ano, 2013, ocorre o 25º aniversário da sua beatificação. Foi escolhida como uma das intercessoras da Jornada Mundial da Juventude 2013. “A vontade de Deus é que sejamos santos” (Cf. 1Ts 4,3; Ef 1,4). A Família Salesiana tem Laura como modelo de santidade, principalmente pelo amor que tinha ao próximo e a sua mãe. O Concílio Vaticano II afirma na Constituição Lumen Gentium: “A santidade promove uma crescente humanização” e somos chamados a seguir Jesus, “tornando-se conformes à sua imagem, obedecendo em tudo à vontade do Pai, consagrando-se de coração à glória de Deus e ao serviço do próximo”.

  Peçamos a Deus Pai por intercessão da Beata Laura Vicuña, que obtenhamos a graça de que necessitamos e a aderir com o coração puro à vontade do Pai. Amém.
   Beata Laura Vicuña. Rogai por nós!







Rodrigo Souza de Souza, noviço salesiano da 
Inspetoria Salesiana São Pio X, Sul do Brasil

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

LUÍS VARIARA


"Façamos tudo 'por Cristo, com Cristo e em Cristo'!"

Luís Variara nasceu em Viaregi, na província de Asti, Itália, no dia 15 de janeiro de 1875. Sua família é profundamente cristã. O pai, Pedro, tinha ouvido Dom Bosco falar em 1856 quando viera até o povoado para pregar uma missão. Decidiu, então, levar Luís a Valdocco para que continuasse ali seus estudos.
O Santo morrerá quatro meses mais tarde. Mas o conhecimento que o pequeno Luís teve de Dom Bosco bastou para marcá-lo por toda a vida. Terminado o ginásio, pediu para ser Salesiano. Entrou para o noviciado em 17 de agosto de 1891. Variara estudou filosofia em Valsalice, onde conheceu o Pe. André Beltrami. Muito o impressionou a alegria com que enfrentava sua enfermidade.
Em 1894, o Pe. Miguel Unia, célebre missionário dos leprosos de Agua de Dios, estava em Valsalice para escolher um clérigo que se ocupasse dos jovens leprosos. Entre 188 colegas que tinham a mesma aspiração, fixando o olhar em Variara, disse: “Esse é meu”.
Luís chegou a Agua de Dios no dia 6 de agosto de 1894. O leprosário tinha 2.000 habitantes, dos quais 800 leprosos. Apenas chegou, Luís se tornou a alma dos doentes, de modo especial das crianças. Organizou uma banda musical, animando os doentes com um inesperado clima de festa.
Em 1895 morreu o Pe. Unia. Luís ficou sozinho com o Pe. Rafael Crippa. Em 1898 foi ordenado sacerdote. Imediatamente se revelou um ótimo diretor espiritual. Em 1905 terminou a construção do “Asilo Pe. Unia”, um internato capaz de hospedar até 150 órfãos e leprosos, e de garantir-lhes a aprendizagem de um trabalho e uma futura inserção na sociedade.
Em Agua de Dios, junto às Irmãs da Providência, tinha surgido uma Associação das Filhas de Maria, um grupo de 200 moças. O Pe. Luís era seu confessor. Descobriu no grupo algumas que se sentiam chamadas à vida religiosa. Nasceu assim o ousado projeto – coisa única na Igreja – de um instituto que permitisse aceitar também doentes de lepra. Inspirando-se na espiritualidade do Pe. Beltrami, desenvolveu o carisma salesiano de viver como vítima e fundou a Congregação das Filhas dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, que hoje conta com 600 religiosas.
Essa fundação lhe causou muitos sofrimentos por causa da incompreensão das pessoas e de alguns superiores que, diversas vezes, julgaram oportuno afastá-lo de Agua de Dios. Como Dom Bosco, foi exemplar na obediência. Perante as calúnias, jamais pronunciou palavra. Era crível porque obediente. O Pe. Rua, desde Turim, o encorajava. Morreu em Cucuta, na Colômbia, no dia 1º de fevereiro de 1923, longe de seus queridos doentes, como a obediência tinha determinado. Hoje repousa em Agua de Dios, na capela de suas filhas.

JOÃO PAULO II O DECLAROU VENERÁVEL EM 2 DE ABRIL DE 1993 E BEATIFICOU EM 14 DE ABRIL DE 2002

Ref. Dal Covolo, Enrico e Mocci, Giorgio - Santos na Família Salesiana. Trad. D. Hilário Moser, 2008.